75 ANOS DE JACI BEZERRA, ESCRITOR DE ALAGOAS E DE PERNAMBUCO








Jaci Bezerra no Recife (2007)  
- Foto : Fred Jordão / Imago 



PAISAGENS DE BOLSO 


RECIFE : GEOGRAFIA PESSOAL  


Guarda a  cidade num dos arquipélagos da alma  
como quem guarda na estante os seus poetas prediletos : 
Bandeira, Cardozo, João, Carlos Drummond de Andrade. 
E sabe, ao amorosamente folheá-la, 
que pode ir dormir como homem e acordar como acácia. 
Nada capaz de assustar a poesia. 
Apenas, depois que a conheceu, aceitou ficar assim 
povoado de beirais e torres de igrejas 
para sustentar andorinhas no ar.  
E branco, todo branco, com a alma em cal viva 
lavra esse metro de lembrança e luz 
com um solitário rio no meio : cantando.   



NOÇÃO DE PERNAMBUCANIDADE 


Quando é verão no Recife e as acácias 
 se preparam para voar, tudo é abril nos corações : 
os que amam sentem desmanchando-se na  boca 
um gosto de azul e água, cajueiros e sol 
enquanto o rio soluça ferido de luz 
carregado de paisagens mansas e pacificadas.  
Milagre do amor,  que vai até onde o amor é lembrança : 
o Recife, ulcerado, passeia dentro de nós  
pesado de vivos e mortos também ulcerados.    


(Poemas  transcritos da antologia  
POESIA VIVA DO RECIFE 
- Companhia Editora de Pernambuco-CEPE, 
Recife, 1996) 


________________________________________________________________ 
JACI BEZERRA - Nascido em Murici (AL), no dia 19 de agosto 
de 1944, o poeta, ficcionista, dramaturgo, sociólogo e editor reside 
no Recife desde o ano de 1959. Faz parte da Geração 65 de escritores 
pernambucanos, desde as suas nascentes - o Grupo de Jaboatão. 
Graduou-se em Ciências Sociais pela UFPE. Publicou os seus 
primeiros poemas no Diario de Pernambuco, em 1966, por 
intermédio do poeta e crítico César Leal. Foi um dos líderes do grupo 
que criou as Edições Pirata, em agosto de 1979. Tem poemas 
incluídos em mais de 10 antologias brasileiras e é responsável 
pela organização de 5 antologias pernambucanas. 
Livros publicados : Poesia - Romances (1968), Lavradouro 
(1973), A Onda Construída (1973), Inventário do Fundo do Poço
(1979), Signo de Estrelas (1981), Livro de Olinda (1982), 
Livro das Incandescências (1985), Comarca da Memória (1994), 
Linha d'Água (2007).  Contos :  Os Pastos da Minha Lembrança 
(1981).  Novela :  Emílio Madeira, o Galo (1982). Teatro : 
Auto da Renovação (1985), O Galo (1986). 






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poemas inéditos de Yeda Barros

ARTISTAS DE PALMARES RECONHECIDOS NO MUNDO NÃO FORAM ESQUECIDOS PELA FUNDAÇÃO CASA DA CULTURA HERMILO BORBA FILHO

O GINÁSIO MUNICIPAL DOS PALMARES NO CORAÇÃO DE UM ESTUDANTE