PEQUENAS HISTÓRIAS REAIS : "Todo nordestino é um camelô ?"

Três meses após a minha chegada a São Paulo, em 1970, fui incluído na antologia paulistana POETAS DA CIDADE - SÃO PAULO - 2, graças à amizade do jornalista e poeta Ramão Gomes Portão e à generosidade do editor ítalo-brasileiro Renzo Mazzone, da ILA Palma, pequena editora que ele dirigia em São Paulo, responsável pelo projeto dessa série editorial que já havia publicado, inicialmente, poetas de Jundiaí (SP). Renzo estava muito animado com o seu projeto e, conversando comigo, nas imediações do Viaduto do Chá, pensou rápido : eu era o poeta mais jovem da antologia - tinha apenas 19 anos de idade - e ele ia divulgar o livro na TV Cultura... Fez a proposta : me levaria para a entrevista, comprovando que o trabalho apostava na renovação poética paulistana, a minha presença seria uma prova irretocável disso. Tremi nas bases, temi por essa história, minha poesia era apenas uma coisa iniciante, e recusei prontamente. Ele ainda renovou o convite, tentador, mostrando como seria uma boa oportunidade para a divulgação dos meus futuros trabalhos... Irredutível, disse simplesmente que não tinha a menor condição de fazer isso. Ele rebateu, balançando a cabeça, incrédulo :
- E pensar que os teus irmãos do Nordeste fazem de tudo só pra vender bugigangas aqui no Viaduto do Chá !!!


(do livro inédito PEQUENAS HISTÓRIAS REAIS)

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