A CIDADE DE FERVORES E FREVODORES





para o poeta Jaci Bezerra


A cidade ferve. A cidade fede.
Ruas músicas praças cores
sóis luzes odores
eu te sinto e me extasia esta agonia,
Recife,
cidade onde me quero e me conheço.
Melhor do que ninguém eu sou,
melhor por ti eu sou,
e sinto, quando me emputeço,
que não me mereces nem te mereço.
Sempre te conheço, ao sol, à lua,
por dentro de ti me adentro,
não posso calar, não sei de silêncio,
não falas - te falo
te calas - não calo
eu grito teus gritos, teu dia, tua festa,
cidade amorosa,
tão nua, tão minha, tão pobre,
tão de felicidade incerta.  

Recife, Recife,
te dizem anfíbia e não te sabem hermafrodita.
Terra e mar, lama e sangue, mangue,
mulher e homem tu és a um só tempo
e perpetuas a minha humanidade
no homem que eu sou e amo,
na mulher que eu amo e sou.
Sobre os teus rios masculinos
pontes fêmeas se estendem
e a vida, passageira, temporária,
em nós ferve - odores
freve - fedores
e transfigura
tudo o que tu bumbas pastorizas
caboclinhas maracatuzas e carnavalizas  



(Do livro inédito AMAR RECIFE) 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poemas inéditos de Yeda Barros

ARTISTAS DE PALMARES RECONHECIDOS NO MUNDO NÃO FORAM ESQUECIDOS PELA FUNDAÇÃO CASA DA CULTURA HERMILO BORBA FILHO

O GINÁSIO MUNICIPAL DOS PALMARES NO CORAÇÃO DE UM ESTUDANTE